Patinho Branco

domingo, 16 de agosto de 2009

Rosinha, Minha Canoa




Rosinha, Minha Canoa

Um livro que fica impregnado em nossa alma, um verdadeiro hino à ecologia, uma lição para quem vive nas cidades e uma verdadeira oração para quem compartilha a dureza e a beleza da vida no campo.

Zé Orocó, personagem principal, nos mostra que a felicidade caminha de maõs dadas com a alma e a liberdade.

A liberdade, de escolher, de conduzir sua própria vida, sem dar trela as idéias pré-concebidas, as regras ditadas, por poucos, para muitos.

A paciência, é a única saída para livrar a alma, quando não se pode mais livrar o corpo dos grilhões impostos pelo sistema.

Rosinha Minha Canoa é uma estória singela e cativante, que transforma a vida simples do caboclo Zé Orocó, em uma luta na busca da liberdade da sua alma, que verga, mas não quebra diante da adversidade. Quando tudo parece perdido e acabado, Zé Orocó chuta o balde, e segue sua vida, segundo o seu entendimento.

Esse livro foi para mim uma lição de vida. Carrego até hoje a emoção dessa aventura, que enche o espírito de esperança e fé na nossa caminhada e na realização de nossos sonhos.

Um livro simples, mas cheio de emoção e de respeito pela vida. Em momento algum o leitor se sente ofendido ou contrariado por esse ou aquele pensamento, mesmo para aqueles que passam a vida, entre canoas e cavalos falantes, como nós outros.

José Mauro de Vasconcelos não foi só um escritor que vendia livros como água, nos anos 70, mas um autor amplamente criticado pela mídia, tido injustamente, como escritor de segunda linha, já que escrevia para o publico juvenil, como se morasse aí, algum pecado original e imperdoável, que condenasse essas obras de espírito leve e agradável, que tanto nos dá prazer.

Campeão de vendas, parece que seu sucesso junto ao público incomodava a critica, enquanto seu estilo, leve e emocionante, pegava em cheio na sensibilidade dos leitores.

José Mauro de Vasconcelos:

José Mauro de Vasconcelos nasceu de família nordestina pobre, em Bangu, no Rio de Janeiro, em 26 de fevereiro de 1920.

Ainda bastante novo, teve de se transferir para Natal, no Rio Grande do Norte. Aos 9 anos aprendeu a nadar nas águas do Rio Potengi, quando alimentava seus sonhos de ser um campeão.

Em Natal, ingressou na Faculdade Medicina, mas abandonou o curso no segundo ano, retornando ao Rio de Janeiro, em 1941, em um velho cargueiro, em busca de melhores oportunidades.

Com uma vida nada fácil, foi para São Paulo, onde começou a trabalhar como garçom de boate e passou por outros empregos até que ganhou uma bolsa de estudos, na Espanha, período em que viajou por vários países da Europa.

De volta ao Brasil, trabalhou junto aos irmãos Villas-Boas, principalmente, explorando a inóspita região do Araguaia.

Desta aventura, resultou seu primeiro livro de estréia, Banana Brava (1942) sobre o mundo dos homens dos garimpos.

Depois, veio Barro Blanco (1945) sobre as salinas de Macau, no Rio Grande do Norte, seu primeiro grande sucesso de crítica.

A seguir, vieram Longe da Terra (1949), Vazante (1951), Arara Vermelha (1953) e Arraia de Fogo (1955).

Porém, só com Rosinha, Minha Canoa (1962), atingiu o primeiro sucesso literário e ganhou fama como escritor, sendo este livro utilizado em curso de Português, na Sorbonne, em Paris.

Doidão (1963), sobre sua adolescência em Natal, O Garanhão das Praias (1964), Coração de Vidro (1964) e As Confissões de Frei Abóbora (1966), antecederam seu maior sucesso popular, O Meu Pé de Laranja Lima (1968), que foi adaptado pela antiga Tupi e pela Globo, como novelas televisivas e também levado ao cinema.

Foi agricultor, operário, boxeador profissional, professor primário, garimpeiro, sertanista, modelo, ator de cinema (em filmes como Floradas na Serra de 1954, Mulheres e Milhões de 1961 e A Ilha de 1963, entre outros); ator de TV, jornalista e radialista, além de escritor e pintor.

Há uma estátua sua, como modelo, do escultor Bruno Giorgi, no Monumento à Juventude, na antiga sede do Ministério da Educação.

No Livro Meu Pé de Laranja Lima, seu maior sucesso editorial, vendendo, nos primeiros meses de seu lançamento, 217 mil exemplares, serve-se de sua experiência pessoal para retratar o choque sofrido na infância com as bruscas mudanças da vida.

Dono de uma literatura leve e agradável, José Mauro fez grande sucesso junto ao público. Mesmo assim a importância do seu trabalho não é devidamente reconhecida no Brasil.

O êxito em atividades tão diversas nunca modificou a sua simplicidade.

Em sua vasta obra, iniciada aos 22 anos de idade e lida em alemão, inglês, espanhol, francês, italiano, japonês e holandês, entre outras línguas, ainda se destacaram Rua Descalça (1969), O Palácio Japonês (1969), Farinha Órfã (1970), Chuva Crioula (1972), O Veleiro de Cristal (1973) e Vamos Aquecer o Sol (1974) e vários de seus livros ganharam versões cinematográficas.

Vale observar que sua autobiografia foi escrita de forma um tanto incomum, em uma seqüência de quatro livros, de forma romanceada: Meu pé de laranja lima, sua infância em Bangu, Vamos aquecer o sol, sua mudança para Natal, O doidão, a adolescência, e Confissões do Frei Abóbora, sua vida adulta.

José Mauro de Vasconcelos morreu em São Paulo, aos 64 anos, no dia 25 de julho de 1984.



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Itanhaém, SP, Brazil
Formado em Administração, pescador de pesqueiro, palmeirense de quatro costados. Adoro os anos 70: tenho uma Caloi 10( são três na verdade), um fuca bala além de uma maquina fotografica Pentax Assay 35mm, só para curtir essa década maravilhosa. Cultivo uma pequena horta de temperos no quintal. Temos Manjericão do comum e do roxo, Alecrim, Hortelã, Salsinha, Cebolinha, orégano, Pimenta dedo de moça, malagueta e de cheiro. Gosto de estar com a familia, churrasquear e cozinhar, pedalar e bater papo com os amigos. Caminhar na praia é atividade obrigatória de todos os dias, quando o tempo ajuda.